Neopaganismo Eslavo
- 27 de jul. de 2023
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Atualizado: 18 de dez. de 2023
Em terras brasileiras, o Neopaganismo Eslavo permanece como um tesouro pouco explorado, aguardando aqueles que desejam desvendar os segredos e resgatar os ritos ancestrais desses antigos povos.
Imersos no animismo, os povos eslavos viam a natureza como uma expressão divina, onde deuses, espíritos e entidades personificavam suas crenças. Um panteão abundante e diversificado se revela, com tribos distintas cultuando e dando vida a essas manifestações naturais de maneiras únicas.
Na trama dessas tradições, destaca-se um enfoque notável no elemento feminino da cultura eslava primordial. No entanto, com a chegada do cristianismo, esse aspecto foi negado em favor da personificação de divindades masculinas, resultando no fenômeno intrigante do sincretismo. Este é o ponto de convergência, a fusão de diferentes doutrinas para forjar algo novo, seja filosófico, cultural ou religioso. Desse encontro nasceu o Cristianismo Ortodoxo, uma história que tem seu pano de fundo o Neopaganismo Eslavo.

As 14 nações, filhas dos Eslavos:
Nas sombras da Europa, um enigma ancestral se desdobra ao longo de mais de cinco mil anos: os intrigantes povos eslavos, descendentes de uma rica linhagem indo-europeia. Espalhados por terras que hoje abrangem a Sérvia, Tcheca, Rússia, Bielorrússia, Polônia, Croácia, Bulgária, Ucrânia, Macedônia, Eslovênia, Eslováquia e Lusácia, essas antigas tribos carregam consigo uma história entrelaçada com mistérios e tradições.
Duas teorias cativantes se entrelaçam na trama da origem eslava: a vertente autoctônica, que sussurra sobre a presença eslava ao norte dos Cárpatos desde os tempos lusacianos, antes de 1000 a.C.; e a vertente aloctônica, que tece a narrativa de uma origem que despontou entre os séculos V e VI depois de Cristo.
Embora alguns considerem as semelhanças entre os eslavos, suas línguas e elementos culturais como meros reflexos de visões nacionalistas e concepções biológicas, a trama se aprofunda. Historiadores e cientistas desvendam conexões idiomáticas, históricas, genéticas e culturais por meio de estudos arqueológicos, revelando uma tapeçaria intricada que liga os eslavos a seus antigos antecessores. Em cada descoberta, emerge a magia de uma história compartilhada, entrelaçada nas raízes profundas dos povos eslavos.
Nos meandros das grandiosas migrações históricas, os povos eslavos emergem como protagonistas, inicialmente enraizados em vastas terras entre florestas e o Mar Negro. Desse ponto de partida, desencadeiam-se movimentos migratórios que os conduzem às margens dos mares Adriático, Egeu e Báltico, além de direcioná-los rumo aos imponentes Alpes. Entre os séculos IV e VI, testemunhamos os eslavos forjando pequenos estados, delineando os contornos dos territórios que hoje abraçam nações como Rússia, Polônia, Croácia, Sérvia, Ucrânia, Tcheca e Eslováquia, Macêdonia, Eslovênia, além de partes da Alemanha, Áustria, Albânia e Hungria.
À sombra do século IX, entre os poderosos Impérios Franco e Bizantino, os eslavos unem-se para criar o lendário Estado Kyivano, uma epopeia historicamente imortalizada pela Crônica de Nestor. Nessa narrativa envolta em mistérios, a crônica relata a chegada de destemidos guerreiros nórdicos, os varegues, navegando pelos majestosos rios até alcançarem as costas do Mar Negro. Lá, entrelaçaram seus destinos com a população local, erguendo o magnífico Estado Kyivano com a majestosa Kyiv como sua capital. Uma saga épica que ecoa através dos séculos, sussurrando segredos de um passado intrigante.
Desvendando raízes ancestrais além do que se imaginava:
Os povos eslavos, cuja história remonta as comunidades do período Neolítico, como os Zlota, Yamnaya, Baden, Subcarpathian e os Citas, tecem uma tapeçaria misteriosa que abrange a Ásia e a Europa oriental. Em meio a essas civilizações, muitas das quais nômades, a tarefa de rastrear as origens dos eslavos torna-se um desafio, pois a fluidez de seus movimentos dificulta qualquer tentativa definitiva.
No tecido cultural dessas tribos, emerge a probabilidade de que, dada a abundância de tribos que compartilhavam o idioma protoeslavo, essas comunidades estavam interconectadas, moldando e incorporando-se conforme as demandas de suas vidas nômades. Um mistério ancestral que se desenha em tons de incerteza, convidando-nos a explorar os enigmas envoltos nas origens dos eslavos.
Ao longo de sua história fascinante, os povos eslavos se entrelaçaram com inúmeras culturas não eslavas, desvendando mistérios que se estendem além das fronteiras do tempo. Na misteriosa "terra natal", situada na Ucrânia moderna, os eslavos encontraram os sármatas (os descendentes de um bando de jovens citas e de um grupo de amazonas) e os godos germânicos, desencadeando uma saga de dispersão e assimilação.
No ballet cultural dos Bálcãs, tribos eslavas absorveram os ecos dos trácios, ilírios e gregos paleo-balcânicos, perdendo, assim, sua língua indígena para a persistente helenização e a conquista romana. O que restou dos trácios e ilírios foi completamente absorvido, com a exceção notável dos romenos. Búlgaros, cumanos e outros invasores entrelaçaram-se com os eslavos, forjando destinos únicos, especialmente nas terras orientais.
No ocaso do século IX, entre os Impérios Franco e Bizantino, os eslavos uniram-se para criar o lendário Estado Kyivano, uma narrativa envolta em mistérios que ecoa ainda hoje. Nos confins dos Bálcãs ocidentais, eslavos do sul e gépidas germânicos encontraram-se com invasores ávaros, originando uma população singularmente eslavizada.
Na Europa central, um intricado jogo de misturas envolveu eslavos, germânicos, celtas e réticos, enquanto no leste, eslavos orientais se encontraram com povos urálicos e escandinavos. A história da formação inicial do estado russo revela a participação vital de varegues e fínicos, que, com o tempo, foram completamente eslavizados.
Ao abordar a era das migrações magiares, eslavos orientais migraram para regiões seguras e florestadas do norte, fugindo das incursões turcas. A colonização germânica na Bósnia, Sérvia e Bulgária testemunhou a assimilação de grupos de mineradores saxões.
No cenário global, os eslavos polábios, também conhecidos como vendos, deixaram sua marca na Inglaterra e na Islândia, enquanto mercenários e escravos eslavos foram reconhecidos como saqalibas nas terras árabes medievais. A intensificação da pirataria eslava marcou o século XII, com a Cruzada contra os vendos, iniciada como parte das Cruzadas do Norte.
No leste, os cossacos, embora falantes de eslavo e cristãos ortodoxos, têm raízes em uma mistura étnica que inclui tártaros e outros turcos. Os gorales do sul da Polônia e norte da Eslováquia têm suas origens nos valáquios que migraram e foram absorvidos na região entre os séculos XIV e XVII.
Em meio às sombras do passado, a linhagem dos polacos, croatas e sérvios sugere uma mistura de alanos e povos eslavos, dividindo a "nação eslava" entre os proto-eslavos e aqueles que se miscigenaram com turcos e alanos.
Em contrapartida, alguns eslavos foram assimilados por outras populações, traçando destinos diversos na Romênia, Áustria, Alemanha e Itália oriental. Cada capítulo dessa narrativa histórica é um convite para desvendar os segredos entrelaçados nas origens e destinos dos povos eslavos.
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